Programa Lista D

SPN [D] por um sindicalismo democrático, autónomo e combativo

PRINCÍPIOS PARA A AÇÃO DO SPN

O projeto SPN [D], que se apresenta à eleição dos Corpos Gerentes do Sindicato dos Professores do Norte, nasceu por iniciativa ponderada e refletida de 28 membros da atual Direção, em final de mandato, aos quais se têm juntado dirigentes das direções distritais, da Mesa da Assembleia-Geral e do Conselho Fiscal e de Jurisdição, bem como outros que acreditam ser necessária a mudança. Intenso e cheio de convicções, o caminho que nos trouxe até aqui – não sem indecisões pontuais – foi o que consideramos melhor e necessário para dar continuidade ao SPN que queremos!

O projeto SPN [D] edifica-se, portanto, num coletivo de educadores/as de infância, investigadores/as, e professores/as que pretende continuar a ser uma força combativa de todos em cada ação, preservando princípios de independência e autonomia, de respeito e cumprimento das decisões dos órgãos dirigentes do SPN, garantindo democraticamente o protagonismo dos docentes. Um coletivo que reflete sobre as suas vivências profissionais, as condições de trabalho, as lógicas burocráticas do sistema educativo, o reforço do individualismo incentivado pelos modelos de avaliação profissional… Um coletivo que se compromete a persistir na dignificação das carreiras e na valorização da escola de Abril – Escola Pública de qualidade para todos.
Almejamos ser um coletivo sindical transformador, independente e respeitador do pluralismo, aberto e participativo, referência para os docentes e investigadores do Norte, num período que se adivinha difícil, face aos cada vez mais arreigados discursos que ameaçam a Democracia e a Liberdade alcançadas há 50 anos. Um coletivo, enfim, que reafirmará o SPN como “uma força que conta!”

O Projeto SPN [D]

Participado e apoiado por dirigentes, delegados e sócios de todos os distritos da área geográfica do Sindicato (Aveiro/Norte, Braga, Bragança, Porto, Viana do Castelo e Vila Real), de várias sensibilidades políticas e/ou partidárias, que assumem respeitar todas as decisões dos Corpos Gerentes e não submeter a sua ação a orientações exteriores ao SPN.

O projeto sindical que preconizamos apenas faz sentido num contexto democrático, independente e transparente. Neste sentido, os sócios que o propõem e o integram comprometem-se a defender os seguintes princípios:

• liberdade e independência em relação a governos e organizações políticas, religiosas ou outras;

• transparência e respeito pelos sócios nas decisões e na gestão quotidiana do sindicato;

• democracia plena na tomada das grandes decisões que orientam a ação do SPN, valorizando a voz dos professores e incentivando uma participação mais crítica e decisiva na afirmação da profissão e do movimento sindical docentes;

• defesa da Escola Pública como garante da equidade no acesso e promotora de sucesso, perspetivando saberes, ideias e novas práticas, nomeadamente artísticas, ecológicas, de cidadania, direitos humanos e paz;

• luta pela dignidade das condições de trabalho e para a valorização do trabalho docente, desconstruindo tudo o que obstrui a carreira docente;

• luta por um modelo de gestão democrática das escolas, fiel à memória de todos os que na jovem democracia ousaram fazer diferente e construíram um modelo mais participativo, autónomo e comprometido com a educação de todos;

• defesa inflexível da democracia: democracia sindical, democracia na escola, democracia na sala de aula.

Linhas Programáticas

O momento político em que acontece a eleição dos Corpos Gerentes do SPN é particularmente complexo e de grande instabilidade, observável logo nos primeiros dias da atual legislatura.
O programa do Governo coloca a Educação como dimensão definidora do país, elegendo como preocupações “a degradação da aprendizagem, o conflito e a instabilidade social nas escolas e a escassez de professores”. No entanto, as medidas que aponta aprofundam a desresponsabilização do Estado pela Educação, atribuindo-lhe apenas o papel regulador, incentivam outras fontes de financiamento que não do Orçamento de Estado, aprofundam a transferência de competências para as autarquias; sob um discurso de maior autonomia e transparência, o Governo pretende a prestação de contas pelos resultados escolares dos alunos e a alteração do regime de colocação de docentes, tomando em consideração a residência e a avaliação, entre outras questões que conflituam com o Estatuto da Carreira Docente.

Assim, num quadro partidário e parlamentar em que a extrema-direita e os ultraliberais se manifestam exuberantes, os sindicatos carecem de se renovar em função de novas necessidades e formas de luta, num processo aberto e democrático em que todos os docentes e investigadores tenham oportunidade de partilhar ideias enriquecedoras. O projeto SPN [D] parte de uma análise dos contextos geral e particulares em que os sócios exercem a profissão e com eles pretende definir as dinâmicas de ação e de luta mais adequadas às novas circunstâncias.

O lema e os princípios atrás enunciados, ancorados na génese do Sindicato (1982), irão nortear a ação do projeto SPN [D] na Direção, pugnando sempre pela independência sindical e pelo rigoroso cumprimento das decisões democraticamente assumidas, centradas unicamente nos interesses dos docentes e das comunidades escolares.

ESCOLA PÚBLICA DE QUALIDADE PARA TODOS

A valorização dos sistemas públicos de Educação e de Ciência implica um reforço da luta pela qualidade da Escola Pública.

A falta de meios com que a Escola Pública se debate, num contexto em que as crianças e os jovens aí permanecem cada vez mais tempo, implica um esforço a que não podem ser alheios diferentes organismos nacionais e regionais, tomando consciência de que nem todo esse tempo pode ser de índole académica e que, por isso, há que encontrar cada vez mais alternativas lúdicas, orientadas e não orientadas, que englobem sempre de forma transdisciplinar os vários saberes, as quais implicarão mais especialistas ou técnicos de diferentes áreas, com funções bem articuladas e definidas, socialmente, nos agrupamentos escolares.

Defendemos uma Escola Pública que promova a Democracia, a Liberdade, o Pensamento Crítico, a Cidadania Participativa e a Justiça Social; uma Escola Pública que valorize a diversidade dos alunos e dos respetivos contextos como fator de enriquecimento sociocultural.

O projeto SPN [D] reafirma a importância de uma Escola Pública de Qualidade, gratuita e democrática, como vetor fundamental do sistema educativo e condição para o sucesso a que todos têm direito. Nesse sentido, exigiremos que o financiamento da Escola Pública seja assegurado, essencialmente, através do Orçamento de Estado, cujo o esforço financeiro deve aproximar-se do valor recomendado pela UNESCO e pela OCDE (6% do PIB).

Por outro lado, para que as escolas possam funcionar de forma eficiente, é absolutamente necessário garantir efetivamente a autonomia pedagógica, fomentar a capacidade criativa e de decisão e adotar um modelo de gestão genuinamente democrática, em que todos participem e se sintam verdadeiramente implicados nos projetos de trabalho.

ESCOLA INCLUSIVA

A inclusão tem sido bandeira de anteriores governos, mas nem sempre os recursos disponibilizados a favorecem. São necessários mais recursos específicos (humanos, materiais e da comunidade) de apoio à aprendizagem e à inclusão, de modo a assegurar uma oferta de qualidade e promover oportunidades para todos de aprendizagem ao longo da vida.

Por outro lado, o investimento na formação específica do pessoal docente e não docente deve ser uma aposta prioritária. As condições de trabalho dos docentes de Educação Especial exigem um tratamento específico por parte dos governantes e o SPN lutará por isso.

EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR

A Educação e Acolhimento na Primeira Infância está organizado em duas fases. O primeiro segmento, dos 0 aos 3 anos, vulgarmente conhecido por creche, não faz parte do sistema educativo, está sob tutela do Ministério do Trabalho e da Segurança Social e visa, sobretudo, o acolhimento e os cuidados com as crianças mais novas. Continuaremos a defender que devem ser educadores de infância a trabalhar com estas crianças – como reconhece o Conselho Nacional de Educação – e a lutar para que os seus direitos sejam os de todos os outros educadores.

A segunda etapa, dos 3 anos até à entrada na escolaridade obrigatória (1º ano do 1º Ciclo), é a Educação Pré-Escolar, gratuita, não obrigatória. É frequente os jardins de infância estarem ligados a instituições privadas de solidariedade social (IPSS).

Independentemente do setor, público, solidário ou privado, a defesa dos direitos dos educadores e a luta por condições de trabalho adequadas exigem atenção minuciosa, dada a variedade de situações profissionais.

ENSINO BÁSICO

Nos próximos tempos, o 1º Ciclo do Ensino Básico (1ºCEB) vai necessitar de um grande debate entre e com os professores, designadamente, em torno da idade de ingresso no 1º ano (6 ou 7 anos) e de perspetivas de reorganização curricular e pedagógica: prolongamento do ciclo até ao 6º ano, fusão com o 2ºCEB, disciplinarização do currículo e dos horários, entre outras eventuais possibilidades que poderão conflituar com os interesses e os direitos dos professores e com as aprendizagens dos alunos.

Uma das principais incidências é o regime de docência, e a questão não é nova: a monodocência é defendida por alguns, perspetivando a integração de saberes; outros defendem a estruturação curricular introduzida no consulado de Nuno Crato, estabelecendo um número obrigatório de horas semanais de Português e Matemática, de forma não articulada com outras áreas do saber e desconsiderando as restantes disciplinas, nomeadamente de humanidades, artísticas e de ciências sociais.

Por outro lado, urge promover e salvaguardar as condições de trabalho dos docentes, cada vez mais confrontados com espaços e equipamentos insuficientes; trabalho

burocrático exagerado; turmas demasiado grandes e multiplicação de alunos estrangeiros com diferentes estatutos; abusos nos horários e nas tarefas atribuídas à redução da componente letiva (artigo 79º do Estatuto da Carreira Docente); escassez de recursos para apoio a alunos com dificuldades específicas; interferência do funcionamento das atividades de enriquecimento curricular…

Também ao nível do 2ºCEB se perspetivam mudanças, que podem passar pelo seu desaparecimento ou por uma reorganização articulada com os restantes ciclos – o Conselho Nacional de Educação aponta para um 1º Ciclo de 6 anos, mantendo-se os seguintes no formato atual.

A concretizar-se, esta alteração poderá acabar definitivamente com a monodocência no 1ºCEB e, certamente, produzirá impactos diversos na situação profissional dos docentes dos dois ciclos. Além das dificuldades infraestruturais dos agrupamentos, a (re)construção da identidade de cada ciclo exige a garantia da participação dos docentes na tomada de decisões, tanto na organização do sistema como nas opções pedagógicas a decidir localmente.

No 3ºCEB, é essencial redefinir finalidades e caraterísticas e repensar os curricula e as formas de articulação interdisciplinar, permitindo maior variedade e equilíbrio entre as diversas áreas de conhecimento. As condições de trabalho deverão, também, ser assinaladas pelos docentes, discutidas em reuniões participadas e conduzir a tomadas de decisão de acordo com as suas necessidades.

ENSINO SECUNDÁRIO

Com uma identidade própria, o Ensino Secundário parece carecer de maior oferta em todos os agrupamentos escolares. Urge rever currículos e cargas horárias, uma vez que há grandes disparidades, não só em relação aos cursos profissionais, mas também entre as áreas de Ciências e Tecnologias, Línguas e Humanidades, Ciências Socioeconómicas e Artes Visuais.

A criação de novas áreas deve ser prevista, em função do prosseguimento de estudos e de eventuais saídas profissionais no atual mercado de trabalho.

Para a formação integral dos futuros cidadãos, também parece fundamental a inclusão de uma disciplina artística no currículo (música, teatro, dança), numa perspetiva cultural e de formação de públicos, como acontece noutros países europeus.

Neste nível de ensino, as ofertas formativas de dupla certificação (escolar e profissional) assumem crescente importância, determinando prioridade absoluta no combate ao preconceito de que os cursos e as escolas profissionais são para estudantes com percursos de insucesso ou dificuldades de inclusão no ambiente escolar. É urgente, também, repensar o financiamento dos cursos e exigir que sejam incluídos na responsabilização do Estado pela educação de todos os jovens, independentemente das opções formativas.

Importa, ainda, garantir que o Ensino Secundário se concretize na garantia de uma educação global, que valorize a liberdade, pressuponha a aprendizagem, incentive a participação crítica na sociedade e não se limite à preparação para o mercado de trabalho ou para a entrada no Ensino Superior.

Mais uma vez, há que permitir aos corpos docentes uma verdadeira ação e implicação na construção do quotidiano das escolas. Há, também, que rever as formas de seleção para a correção de exames e a apreciação de recursos, bem como a articulação entre a dispensa de qualquer outro trabalho, para que esses serviços sejam possíveis, e o respetivo pagamento. Relativamente às condições de trabalho dos docentes dos cursos profissionais, nem sempre transparentes, há que esclarecer as diferentes situações e lutar pelos direitos destes trabalhadores, nomeadamente, o direito à greve.

ENSINO ARTÍSTICO ESPECIALIZADO

Fruto de subfinanciamento crónico, os cursos do Ensino Artístico Especializado (EAE) carecem de acesso efetivamente democrático pelos alunos que demonstrem motivação e aptidão para estes percursos formativos. Por falta de oferta pública, a grande maioria destes alunos (cerca de 80%) acede ao EAE em escolas do Ensino Particular e Cooperativo, estando quase normalizada a necessidade de as famílias comparticiparem o acesso a este tipo de educação com o pagamento de propinas. Defendendo a democratização do acesso ao EAE, o SPN continuará a lutar pelo alargamento da rede pública, acompanhando com otimismo – mas muito atento aos direitos dos professores – a noticiada transformação do Conservatório Regional de Música de Vila Real em escola pública.

Entretanto, o regime de seleção e recrutamento de docentes do EAE de Música, Dança, Artes Visuais e Audiovisuais teve uma evolução que lhes deu expetativas de futuro, reduzindo de forma significativa a precariedade vivida nestas escolas públicas; para os professores de Artes Visuais e Audiovisuais é agora urgente a criação de grupos de recrutamento que garantam a entrada na carreira, de forma anual e ordinária, a quem reúna as condições previstas (norma-travão e vinculação dinâmica).

Por outro lado, estaremos com todos os docentes em luta por critérios de seleção objetivos, em que o tempo de serviço e a classificação profissional sejam claramente centrais (enquanto não únicos), permitindo uma pontuação uniforme em todos os concursos de qualquer escola, e não ao gosto subjetivo de cada uma; critérios de pontuação subjetiva (entrevista) terão de ser diminuídos ou eliminados. Estaremos, também, com os professores de Teatro na exigência de um grupo de recrutamento próprio e da aplicação de regras específicas.

Na sua diversidade e especificidade, a Educação Artística deve ser valorizada e assumidamente imprescindível na formação de todas as crianças da Educação Pré-Escolar e do 1.º Ciclo, com a coadjuvação prevista na Lei de Bases do Sistema Educativo.

ENSINO SUPERIOR E INVESTIGAÇÃO

São numerosos os problemas que condicionam o desenvolvimento do setor há já vários anos: o crónico subfinanciamento das instituições de Ensino Superior (IES) e da Investigação; a precariedade de investigadores e docentes; a perda acentuada do poder de compra; a falta de democracia, colegialidade e participação; a revisão dos diplomas fundamentais que condicionam o sistema, em particular o Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior e os estatutos de carreira; a que se junta uma avaliação de desempenho que divide e corrói os laços de solidariedade entre docentes e investigadores.

Com o novo Executivo não se vislumbra uma alteração do panorama preocupante em que se encontra o ESI. O programa de governo é um conjunto de generalidades sem especificar metas, limitando-se a enunciar objetivos sem concretizar prazos, como sejam o aumento da percentagem do PIB para a Ciência e Investigação, a percentagem de adultos na faixa etária 25-34 com formação superior, o aumento da oferta de alojamento.

Significativa é a referência a um Ensino Superior ajustado às necessidades das empresas e da economia, sem qualquer referência sobre o papel das humanidades, a vida democrática nas IES, os valores que queremos para estudantes, o lugar das IES enquanto paradigma de uma sociedade democrática.

A postura deste Governo fica bem clara quando o ministro afirma querer um ministério com responsabilidade reguladora e não de decisão. Por tudo isto, os próximos tempos exigem que docentes e investigadores estejam unidos na luta por um Ensino Superior público de qualidade, de todos e para todos.

SETOR PRIVADO (EPC | EAE | EP | IPSS)

A situação atual exige uma forte ação na defesa dos direitos dos docentes que exercem no setor privado, ao nível da contratação coletiva e da concertação social.

É necessária uma efetiva aproximação das condições de trabalho, carreiras e remunerações às dos docentes do ensino público. Além de um horário letivo maior, até 4 horas semanais, os docentes do Ensino Particular e Cooperativo (EPC) estão sujeitos a uma componente não letiva de estabelecimento excessiva e mal regulada.

É inaceitável a discriminação dos docentes do Ensino Artístico Especializado (EAE) relativamente à organização do horário letivo semanal, que pode chegar a 29 tempos, sem prever o acréscimo salarial a que todos os outros docentes têm direito. Ainda no caso destes docentes, urge rever o modelo de certificação de tempo de serviço, de modo a eliminar a desvalorização do tempo investido na formação profissional, alcançando a equiparação com o ensino público.

Defenderemos a aplicação e efetivo cumprimento das convenções coletivas das instituições particulares de solidariedade social (IPSS) e Misericórdias, procedendo a denúncias na Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) e/ou processos de mediação laboral na Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT). Exigiremos uma eficaz atuação da ACT e da Inspeção-Geral da Educação e Ciência (IGEC) nos estabelecimentos de ensino denunciados por violação dos direitos dos docentes e educadores.

É necessário promover a fiscalização e avaliação dos financiamentos públicos a estabelecimentos de ensino privados.

Reivindicaremos um financiamento adequado às necessidades do Ensino Profissional (EP) e do EAE, nomeadamente, a atualização dos valores de referência por turma e/ou por aluno; no caso do EAE, defendemos a revisão do modelo de financiamento como há anos vem sendo reivindicado pelo setor.

Finalmente, é urgente trabalhar com o Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) as necessárias alterações ao Estatuto do EPC, restabelecendo que os docentes que exercem funções em estabelecimentos particulares e cooperativos têm os direitos e estão sujeitos aos específicos deveres da função docente, devendo ser devidamente reconhecida a sua função de interesse público e harmonizar as carreiras com as do ensino público.

DOCENTES APOSENTADOS

Sendo o envelhecimento populacional uma preocupação nos países europeus, decorrente, sobretudo, do aumento da esperança de vida, há que exigir condições que compensem todos os que durante largos anos realizaram com dignidade o seu trabalho, tendo efetuado os respetivos descontos e pago os seus impostos.

A década de 2021-2030 foi considerada, pelas Nações Unidas, de preocupação com o envelhecimento saudável. Assim, “mudar a forma de pensar, sentir e agir em relação à idade e ao envelhecimento” torna- se uma prioridade, também para o SPN, sendo necessário encarar o facto de Portugal ser um dos países da Europa onde o envelhecimento acontece com menos qualidade de vida.

Direito intransferível dos trabalhadores da Administração Pública, a presença e a defesa da ADSE tem de ser real numa fase da vida em   que os problemas de saúde se agudizam. No difícil contexto político, económico e ideológico em que nos encontramos, o projeto SPN [D] considera que os docentes aposentadosse organizem em departamento específico, reunindo da forma que ospróprios definirão e desenvolvendo atividades de natureza cultural,lúdica ou outra do seu interesse. Trabalho, esse, que deverá ser desenvolvido em articulação com o Departamento de Aposentados da Fenprof e em colaboração com os colegas no ativo – unir os docentes aposentados, organizar com eles a luta e defender as justas reivindicações de será o caminho a trilhar.

O SPN acompanhará atentamente o desenvolvimento de todos estes processos, debatendo e construindo propostas que salvaguardem os interesses dos professores, das escolas e do sistema, como, por exemplo, as questões relativas à transferência de competências para os municípios, o modelo de avaliação de desempenho docente, a aposentação dos profissionais em monodocência…

Lutaremos para travar e inverter as políticas de contínua desvalorização e degradação da carreira docente, com inegáveis reflexos no envelhecimento dos corpos docentes, no afastamento dos jovens dos cursos de formação e na crescente falta de professores para suprir com qualidade as necessidades das escolas.

O SPN que queremos

O Projeto SPN [D] propõe um Sindicato dos Professores do Norte protagonizado por sócios empenhados em lógicas de ação mais participadas, a partir da dinamização de grupos de trabalho constituídos para questões específicas. Um SPN com dirigentes de formações diversas, que exercem a profissão em contextos muito distintos e que, por isso, garante atenção às diferentes problemáticas e a construção de propostas que respondam às reais preocupações dos educadores, investigadores e professores que representam. Dirigentes motivados para o desempenho das suas funções e comprometidos com as suas responsabilidades.

O projeto SPN [D] reúne associados com percursos sindicais diversos: muitos que continuam a orgulhar-se do contributo que deram e dão ao SPN e às organizações em que o representam; outros que quiseram retomar um percurso dedicado à luta pela dignificação da profissão; e muitos outros que abraçam este desafio pela primeira vez, com a confiança de saber que já fazem parte de um coletivo de reflexão e de luta – todos nós faremos do SPN uma referência no desenvolvimento de uma profissão mais forte!

No plano interno, o SPN será uma organização sem hierarquias, onde cada um tem o seu lugar e o respeito de todos, pautando-se pelos princípios com os quais nos comprometemos. O conhecimento que muitos têm das dinâmicas atuais será fundamental para, a partir da urgente avaliação do modo de funcionamento e dos contributos de todos, delinear modos de responder às necessidades e interesses dos sócios e de (re)organização interna e dos serviços.

A aposta numa comunicação de maior proximidade aos sócios, com recurso a meios eficazes de divulgação, será uma das prioridades: dinamização do sítio na internet (www.spn.pt), interação nas redes sociais, publicação de newsletters semanais, retoma de periodicidade da revista oficial do SPN (SPN.Informação) e d’A Página da Educação, produção de materiais diversos que a ação sindical sugira a cada momento.

Propomos a realização de encontros setoriais temáticos e de aferição ao longo do mandato, bem como o reforço da rede de delegados sindicais, promovendo a sua capacidade de participação e (in)formação, de modo a que o SPN marque presença em cada vez mais escolas. Continuaremos a desenvolver planos de formação contínua (tendencialmente gratuita) que respondam às necessidades dos sócios.

A retoma de um espaço/tempo de animação cultural e social é outro objetivo – de reforço da coesão e da identidade sindical, tal como a articulação entre as dinâmicas das direções distritais. Para revitalizar o projeto comum que é o SPN, duas iniciativas de profundo alcance terão de ser levadas a cabo o mais brevemente possível: a convocação do 8º Congresso (não reúne desde 2011) e a revisão dos Estatutos e outros documentos estruturantes da organização e da atividade do SPN.

A nível nacional, o SPN articulará as suas lutas com as dos restantes trabalhadores, nomeadamente, através das organizações de que é membro: Federação Nacional dos Professores (Fenprof) e Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses - Intersindical Nacional (CGTP-IN).

No plano internacional, reafirmaremos a nossa solidariedade com os docentes e investigadores europeus e do mundo, continuando a participar na luta coletiva pela dignificação e pelo respeito pela profissão, nomeadamente, através da participação da Fenprof na Internacional de Educação (IE); relativamente à Confederação Sindical da Educação dos Países de Língua Portuguesa (ex-CPLP-SE), a Direção do SPN reapreciará a decisão em vigor, de não apoiar o contributo e a participação da Fenprof nessa organização.

Pontos-chave para a ação

• reforço da participação na vida sindical, com a implicação de todos em defesa do trabalho com condições e direitos para todos os docentes e investigadores dos setores público e privado;

• desenvolvimento de uma linha de ação sindical reflexiva, propositiva, reivindicativa e combativa, equacionando as diferentes dimensões do sistema educativo e da profissionalidade docente;

• conhecimento das reais necessidades das escolas, lutando contra as injustiças e sendo cada vez mais representativo da classe;

• apresentação de alternativas responsáveis, coerentes e viáveis, que respondam às reais necessidades dos docentes e investigadores;

• permanência ao lado de educadores/as de infância, professores/as e investigadores/as, contribuindo para a construção de uma identidade própria;

• determinação e diplomacia nas ações necessárias em cada momento, sempre com os interesses dos sócios em primeiro lugar, numa perspetiva plural e no cumprimento dos compromissos assumidos.

LUTAS EM CURSO - valorização da profissão

• recuperação integral do tempo de serviço;

• eliminação dos bloqueios à progressão na carreira;

• regularização dos horários e condições de trabalho;

• regime específico de aposentação;

• combate à precariedade e promoção de condições de estabilidade;

• criação de apoios à fixação de docentes em áreas carenciadas e a docentes deslocados da área de residência;

• mobilidade por doença;

• deduções no IRS das despesas inerentes à profissão, ao desenvolvimento profissional e ao seu exercício